Arte de Arrumar - Banheiro CaninoA reportagem passou uma manhã inteira pelo bairro e não gostou do que viu. Além de o pedestre ter que driblar muitos dejetos no meio das calçadas, é obrigado a sentir cheiro forte de fezes e urina, especialmente na rua Rio de Janeiro. “Isso é direto. Os cachorros defecam sempre e a maioria dos passeadores não traz sacolinha plástica para recolher. Sobra pra gente limpar”, afirma o gari Cristiano Souza, entre uma pausa e outra no recolhimento do lixo.

A aposentada Maria Lúcia de Oliveira sempre morou em Lourdes e diz que o aroma tem piorado nos últimos anos. “A sorte é que os zeladores dos prédios lavam as calçadas todos os dias. Isso alivia um pouco”, conta. Em sua opinião, os problemas são os passeadores. “Acho que os donos até orientam, mas eles não ligam”, acusa.

Cinthia Sabino, gerente de uma das butiques da rua Rio de Janeiro, discorda. “Já vi as próprias donas deixarem o cachorro defecar no jardim em frente à loja. Certa vez, fui chamar a atenção de uma delas, mas ela respondeu que a rua é pública e o cachorro tinha direito”, contesta.

Na manhã em que a reportagem circulou por Lourdes, não houve nenhum flagrante grave desse tipo. Porém, a Viver Brasil checou que a presença da sacolinha não é mesmo muito comum, independentemente se o descuido é dos donos ou do passeador.

O motorista Júnio Teodoro passeia com a cadelinha Luna todas as sextas na rua Felipe dos Santos. Ele diz que geralmente leva o saco plástico a tiracolo. Porém, justo hoje… esqueceu! “Na verdade, antes de sair, a cadela fez xixi em casa”, justifica. E as fezes? Júnio desconversa, mas reforça que sempre traz a sacolinha. E aproveita para reclamar: “Aqui tem realmente muito cocô na calçada. A gente tem que andar de cabeça baixa, pois é perigoso pisar e escorregar.”

A estudante Mayra Dutra é uma passeadora ocasional. Naquele dia, estava acompanhando a Belinha, que foi flagrada em um poste da rua São Paulo. “Eu até tenho sacolinha, mas não encontrei nenhuma lixeira específica”, defende-se, com ar blasé. Falta de atenção. Virando a esquina, a reportagem encontrou uma lixeira com os dizeres coloque as fezes do seu cãozinho aqui. O bairro, aliás, está cheio delas – a maioria, completamente vazia.

Mas há também exemplos de pessoas conscientes. Como Webert Rezende, que passeia com os cães Pike e Brontë pela rua Antônio de Albuquerque. “Sempre ando com a sacolinha para recolher as necessidades. Mas, infelizmente, a maioria não traz.” Ele faz questão de mostrar o saco plástico, dobrado e guardado em uma pequena caixa presa à coleira. Ponto para ele e para os donos.

“Como o cheiro da urina também é desagradável, o ideal é que os donos ensinem os cães a fazer suas necessidades em casa. A rua é apenas para passear”, orienta a consultora de etiqueta Agni Melo, da Arte de Arrumar. Para ela, a sacola plástica é insuficiente, mas sempre deve ser levada, para eventuais emergências. “É uma questão de educação. A rua realmente é pública. Por isso mesmo, todos devemos zelar pelo patrimônio e não degradá-lo”, conclui.

EDUQUE SEU CACHORRO

. Forre um canto da casa com jornal e reserve-o especificamente para a urina e as fezes. O ambiente deve estar longe de onde o cão se alimenta

. Quando você perceber que ele está com vontade de ir ao banheiro, leve-o até lá. Possivelmente, ele irá se aliviar

. Em seguida, festeje, dê um brinde, faça cafuné…

. Repita essa demonstração por no mínimo 15 dias

. Não deixe para depois. Os filhotes aprendem com mais facilidade

. Se o cão já é mais velho, compre repelentes em pet shops e pulverize nos locais que ele escolheu

doogdog

… a cidade de Hernani, na Espanha, lançou uma nova lei em abril obrigando os cachorros a fazer teste de DNA. As fezes encontradas na rua serão analisadas e os responsáveis, identificados. As multas estipuladas variam de 433 e 1.561 reais, dependendo da quantidade, local e número de ocorrências

Texto: Fernando Torres | Fotos: André Fossati

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