Pegadinhas da língua portuguesa

lingua_portuguesa Conhecer bem a própria língua não é virtude de alguns, é dever de todos. No ano passado 500 mil estudantes tiraram nota zero na redação do ENEM, que é o segundo maior concurso do mundo. Seguem pegadinhas da língua portuguesa  para você verificar como anda nesse quesito:

Pegadinha 1

Não fiz o dever de matemática. 

Para muitas pessoas, há uma confusão muito grande,  envolvendo os significados das palavras  dever e  deveres. Inicialmente, determinemos suas semânticas, conforme os bons dicionários:
dever: obrigação;
deveres: tarefas (sempre no plural).
O exemplo seguinte economiza muita explicação e esclarece a questão:
O dever de cada estudante é fazer seus deveres escolares.

Talvez, esta regrinha ajude a estabelecer com mais clareza a distinção:
deveres (tarefas) se fazem;
dever (obrigação) se cumpre.

Outros exemplos:
Ele cumpriu o dever de pai.
O dever de todo militar é servir o seu país.
Deixei de fazer os deveres de geografia.
Ela não dá conta de realizar os deveres domésticos. Precisa de uma empregada.
A frase original, corrigida, fica assim:

Não fiz os deveres de matemática.
Pegadinha 2
Marcos é um parasita da mulher.

Parasita, com  a final, é denominação exclusiva de certas plantas.  Para pessoas e animais, usa-se parasito. O correto seria escrever:


Marcos é um parasito da mulher.

Eis outros exemplos de frases corretamente grafadas:

Raquel age como um parasito da mãe.

Há sujeitos que são autênticos parasitos da sociedade.

A pulga é um parasito, como também o é o carrapato.

Precisamos exterminar as parasitas que estão nessa árvore.

As parasitas debilitaram nosso pomar.

Pegadinha 3
Confesso que me simpatizei com ela. 

O verbo simpatizar, como também seu antônimo antipatizar não são empregados com pronomes. Portanto, escreve-se correto, grafando-se assim:

Confesso que simpatizei com ela. 

Abaixo, seguem outros exemplos de frases corretamente escritas:

Você simpatizou com a moça, mas ela antipatizou com você.

Antipatizo com políticos em geral.

Simpatizamos com a nova professora.

Eles antipatizam conosco.

Pegadinha 4
Começou nevar hoje cedo em Urubici. 

Certas notícias são dadas de modo negligente, sem nenhuma preocupação com as regras do idioma. O verbo  começar forma locução com outro verbo, no infinitivo, por intermédio da preposição a. Exemplos:

Nice começou a chorar.

Naquela hora, Eliane começou a rir.

Começou a chover.

Eis a frase do topo corretamente escrita:

Começou a nevar hoje cedo em Urubici. 
Pegadinha 5
Costuma se fazer bons negócios nesta feira. 

O verbo concorda com o seu sujeito, na voz passiva. Observe que temos dois verbos, um auxiliar e outro, principal.

Veja outros exemplos de uso da voz passiva em situações semelhantes: Não se podem prever essas situações. (Não podem ser previstas essas situações.) Devem-se devolver os crachás ao final do evento. (Devem ser devolvidos os crachás ao final do evento.)

A frase inicial estaria corretamente escrita da seguinte maneira:

Costumam se fazer bons negócios nesta feira.
Pegadinha 6
O comandante nos disse que ficássemos alertas.

Aqui está uma dica de português para vestibular e concurso, a qual tem gerado muita controvérsia. A palavra alerta pertence à classe dos advérbios e, como tais, é invariável. Não se flexiona para indicar gênero (Ele está  alerta.), como também para indicar número (Permaneço  alerta. Permanecemos  alerta. Eles permanecem  alerta.). Só se admite variação, quando substantivada, isto é, quando a palavra estiver acompanhada de artigo (Esqueci os alertas do comandante.).

Então, depois da correção da frase inicial, fica assim:

O comandante nos disse que ficássemos alerta. 

Pegadinha 7

Depois de vinte minutos de interrupção, o árbitro deu continuidade ao jogo.

Esta seção de dicas de português para concursos expõe um grande equívoco de uso das palavras continuidade e continuação, conforme se explica a seguir.
continuidade — propriedade física da superfície dos corpos;
continuação — prosseguimento;

Exemplos:
A continuidade do grande espelho do salão foi afetada por uma rachadura na parte superior direita.
A continuidade do leito da ponte foi interrompida por uma trinca de uns dez centímetros, de lado a lado.
Em continuação a esta exposição de razões, falarei, agora, sobre os meninos de rua.
Precisamos dar continuação àquela partida de xadrez, no prazo máximo de cinco dias contados de sua interrupção.
Depois que o aluno alterado retirou-se da sala, o professor deu continuação à aula.

Então, depois da correção da frase inicial, fica assim:

Depois de vinte minutos de interrupção, o árbitro deu continuação ao jogo. 

Pegadinha 8

Sou difícil de fazer amizade. 

Neste tópico de dicas de português para concursos,  a frase já se inicia por uma incoerência, pois ninguém é difícil ou fácil de coisa alguma. Pelo menos, assim se espera. O que é difícil não é a pessoa, mas sim a  ação de fazer amizade. O sujeito dessa frase é oracional —  fazer amizade — e o predicativo é  difícil. O verbo é de ligação — ser.

Então, depois da correção da frase inicial, fica assim:

É-me difícil fazer amizade.
ou
Fazer amizade me é difícil.
ou 
Fazer amizade é difícil para mim.

 

Pegadinha 9

Eu nasci há trinta e cinco anos atrás. 

Esta pegadinha nos lembra uma famosa música dos anos setenta — Eu nasci há dez mil anos atrás. Há excesso nessa frase! Quando ocorre excesso desse tipo, dizemos que existe redundância, isto é, repetição viciosa, que só empobrece a linguagem de quem a comete. O verbo haver, por si só, já representa “tempo transcorrido”, a palavra atrás é redundante. Deve-se, portanto, escolher — ou se escreve há, do verbo haver, ou atrás.  Então, depois de corrigida a frase inicial, poderia ser escrita de duas maneiras:

Eu nasci há trinta e cinco anos. 
 ou
Eu nasci trinta e cinco anos atrás. 

 

Pegadinha 10

Viemos aqui, nesta hora, expressar nosso agradecimento pelo grande favor que nos fizeram. 

Neste caso, apresenta-se um verbo comumente usado de maneira errada em algumas de suas formas. Nesta oportunidade falaremos apenas sobre um desses deslizes cometidos com o uso indevido do verbo vir. Ninguém diz: “estivemos aqui, nesta hora.” Diz-se, porém, no tempo certo: “estamos aqui, nesta hora.” Se é “nesta hora” que o fato ocorre, então, o verbo deve estar no presente.

Então, depois da correção, tem sua frase inicial assim escrita:

Vimos aqui, nesta hora, expressar nosso agradecimento pelo grande favor que nos fizeram. 

Fonte: www.tudosobreconcursos.com

Compartilhe seu amor
cristina.gontijo
cristina.gontijo
Artigos: 198

Atualizações da newsletter

Enter your email address below and subscribe to our newsletter

Nenhum comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você não pode copiar conteúdo desta página